terça-feira, abril 20, 2010

Troca de guarda?

Dane Reynolds e Jordy Smith são os nomes mais recorrentes quando o assunto é renovação no topo da elite, as principais apostas para manter o glamour do circuito na cada vez mais próxima era pós-Slater.

Não sou eu que afirmo. Júlio Adler traçou paralelos entre Dane Reynolds e Martin Potter, e Steve Shearer escreveu no começo do ano que "Dane efetivamente estabeleceu o padrão de julgamento sobre o qual o título mundial será decidido (...) o novo critério definiu o surfe de Reynolds como seu ideal e os demais top 10 serão julgados de acordo".

Falta porém a troca de guarda se confirmar no pódio. Slater, Fanning, Taj e Parko ainda monopolizam as finais. Com um detalhe: Fanning e Parko competem no circuito há quase uma década, mas nasceram em 1981. Ou seja, a julgar pelo exemplo de Slater e Taylor Knox, não será a idade que impedirá o atual campeão e vice mundial de competirem por mais uns dez anos se quiserem.

De volta à Dane e Jordy, 2010 é a terceira temporada de ambos no WT (estrearam em 2008, após dobradinha no WQS). Hora de render resultados a altura das expectativas. Salvo raras exceções (das quais Andy Irons e Luke Egan são as mais evidentes), os campeões e vices mundiais sempre chegaram aos top 5 em seus primeiros três anos no tour.

Na disputa particular entre os dois, Dane levou vantagem sobre Jordy nos dois primeiros anos, tanto nos rankings finais quanto nos melhores resultados. No ano de estreia, Reynolds fez três quartas-de-final. Na temporada passada, duas semis (J-Bay e Pipe) e a primeira final, em Trestles, o que lhe valeu o primeiro top 10 da carreira.

Jordy venceu o WQS 2007, mas demorou mais a render na elite. Como rookie não passou das oitavas. No ano passado fez a primeira semi em Bells e foi às quartas em Portugal. Terminou em 11º no ranking (uma posição abaixo de Dane) porque foi às oitavas em outros quatro eventos.

Feitos bem aquém do que se espera dos novos messias. Ainda mais se comparado com outros talentos da mesma geração (mas com um pouco mais de experiência), como Adriano de Souza e Jeremy Flores, ambos ex-campeões do WQS. As idades são semelhantes: Reynolds é de 1985, Adriano de 1987, Jordy e Jeremy de 1988.

Primeiro do quarteto a chegar na elite, Adriano subiu com o título WQS de 2005. Seu retrospecto recente - que já rendeu uma postagem no Datasurfe - é disparado o melhor: em sua quinta temporada, foi top 10 dois anos seguidos, com três finais e uma vitória na bagagem (único dos quatro com esse tipo de troféu).

O francês entrou um ano depois e logo na primeira temporada foi aos top 10, repetindo o feito em 2008. Somava uma final e três semis em dois anos no tour quando se contundiu em 2009. Perdeu três etapas, não passou das oitavas nas outras sete, mas manteve a vaga e agora - em sua quarta temporada - busca retomar o rumo do pódio.

Elaborei para efeitos comparativos essas pequenas tabelas com as colocações e os resultados do quarteto; faz sentido mas parece coisa de maluco, portanto se preferir pule ao próximo parágrafo.

Colocação por ano
2006 | AS 20
2007 | JF 8 | AS 28
2008 | AS 7 | JF 10 | DR 22 | JS 26
2009 | AS 5 | DR 10 | JS 11 | JF 24

Resultados por ano
2006 | AS 1SF 1QF
2007 | JF 1SF 2QF | AS 1QF
2008 | AS 2SF 3QF | JF 1F 2SF | DR 3QF | JS R4
2009 | AS 3F 2QF | DR 1F 2SF | JS 1SF 1QF | JF R4

Este ano Jordy largou na frente. Fez enfim sua primeira decisão, em Gold Coast, derrotando Slater nas oitavas e Dane na semifinal. Com as quartas em Bells, vem ao Brasil em terceiro no ranking, pela primeira vez vislumbrando real grandeza no tour. Haja talento para tanta gente falar em título mundial de alguém que nunca foi top 10 e cuja primeira final aconteceu há menos de dois meses. Mas como Slater pulou de 43º em 1991 para 1º em 1992, deixa quieto.

Adriano vem no encalço, com duas quartas seguidas e ciente de que precisa passar disso para mirar nos top 5 pelo segundo ano seguido. Dane fez a semi em Gold Coast (quando motivou aquela citação do Shearer sobre ser o ideal) e em seguida, para não perder o hábito, sequer foi às oitavas em Bells. E Jeremy Flores ainda não passou do round 3.

O que lembra Gold Coast, quando Jordy e Dane avançaram no round 3 com resultados polêmicos - a turma do Ondas não engoliu as derrotas de Tiago Pires e Jeremy Flores. Mas não adianta se iludir, o jogo é esse mesmo: o próprio Slater tem entre seus recordes o de controvérsias...

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