quarta-feira, abril 11, 2012

Os dois cadernos InTools da revista Inside


Intools - edições 01 e 02 no Issuu

Meus últimos trabalhos pela extinta revista Inside foram duas edições do caderno InTools, suplementos especiais voltados ao mercado de pranchas de surfe. Com formato 14 x 21cm, o primeiro circulou encartado na edição 101, em setembro de 1997.

Teve 44 páginas e a pauta principal - 'Descubra a prancha ideal' - trazia uma pesquisa com 13 shapers sobre os tipos de prancha que estavam produzindo. Basicamente as principais medidas de pranchas, para três biotipos distintos de surfista; e quais informações julgavam importantes saber do cliente, além do biotipo.

A matéria de capa dessa edição inaugural era voltada diretamente ao público consumidor, mas outra, secundária, já prenunciava a mudança de rumo no número seguinte. 'Quanto vale uma prancha' refletia uma polêmica em discussão na época, o baixo valor das pranchas de surfe brasileiras - tema inclusive de uma inédita reunião entre empresários do setor, durante uma feira de surfe em São Paulo. Valor em termos de preço e também de qualidade, em alguns casos.

Não era um tema novo na redação. Quase três anos antes, em janeiro de 1995, o assunto já tinha vindo à tona em uma extensa entrevista que fiz com Avelino Bastos, apertada em cinco páginas na edição 76 da Inside. A questão da valorização dos shapers e as dificuldades do mercado de fabricantes de prancha ocuparam na época uma dúzia de robustos parágrafos, com algumas conclusões amargas, como a de que "o shaper básico hoje em dia se prostitui por muito pouco".

A matéria de capa do segundo InTools trazia uma enquete semelhante a do primeiro, mas com outro objetivo: pesquisar a motivação dos fabricantes de prancha no Brasil. Não apenas de entrar para o ramo, mas de seguir nele, uma vez estabelecido e ciente da realidade do mercado. "Qual a razão?" tinha depoimentos (colhidos via fax ou telefone, pois a internet ainda engatinhava) de 34 shapers nacionais, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte.

Previsto para circular em dezembro de 1997, a publicação foi cancelada quando estava praticamente pronto, em meio ao espiral de acontecimentos que culminaram com o fechamento da própria revista alguns anos depois. Tudo o que restou foi uma prova PB, meio inacabada e com imagens em baixa resolução, que o Marcelo Breda (o Pantera, editor de arte) imprimiu para revisão.

Lamentei o fato do InTools morrer na gaveta, entre outros motivos, por achar que foi um dos conteúdos jornalísticos mais consistentes que produzi nos meus tempos na Inside. Envolveu uma quantidade incomum de pessoas - fontes, fotógrafos - e esforço prolongado da equipe (dos quais vale citar, além do Pantera, o editor de fotografia Flávio Vidigal).

Essa prova resistiu 14 anos no baú aqui de casa até que eu descobrisse os meios de torná-la disponível na internet, de forma prática. As duas edições do InTools (01 e 02) foram incluídas no issuu - a segunda sem a qualidade gráfica que merece, mas, ao menos, quem tomou parte no esforço (entre outros interessados) pode ver o resultado.

Desde a criação do Datasurfe, em 2006, tive intenção de "publicar" aqui o segundo InTools, mas sempre esbarrava em dificuldades básicas. Dois empurrões ajudaram a enfim resolver essa história: um foi a descoberta do issuu (que existe desde 2007), recurso fundamental; o outro, um encontro casual há alguns dias com Avelino Bastos, um dos mentores da pauta 'Qual a razão', que em uma breve conversa me deixou a impressão de que muitos dos temas tratados ali continuam bem atuais.

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