quarta-feira, setembro 28, 2011

Perspectivas para o WT em Hossegor

A utilidade de retrospectos como os que o Datasurfe dispõe é relativa, mas veja o caso de Heitor Alves no WT de Trestles. Nas duas vezes anteriores em que competiu lá (2008 e 2009), Heitor foi às quartas-de-final. Este ano, vindo de seu melhor resultado na temporada em New York, o cearense certamente era uma boa aposta em qualquer fantasy team ou similar. Mas sabemos que veteranos brasileiros retornando ao tour dificilmente são boas apostas. Já tivemos Raoni Monteiro quebrando expectativas este ano, haveria espaço para mais um?

Pois o resultado veio: Heitor não apenas chegou novamente entre os oito, como fez sua primeira semifinal em um WT. Perdeu para o eventual campeão, o mesmo que o derrotou na edição de 2009, e a quem ainda não conseguiu derrubar em confrontos de elite. Pelo twitter, porém, Kelly Slater lhe mandou mais que um parabéns: comentou que as ondas de Heitor foram subavaliadas pelos juízes (underscored) por todo o campeonato e mesmo assim ele foi à semi.

Palavras assim não passam despercebidas, mas Heitor undescored não é novidade. Foi registrada no Datasurfe a importância que teve para sua queda da elite - por uma bateria, naquele mesmo 2009 - certa derrota controversa para Jordy Smith em Hossegor. Justamente sede da próxima etapa.

A França no entanto é destino dos mais felizes para os brasileiros no tour: desde a primeira conquista de Fábio Gouveia em Biarritz, em 1991, houve mais quatro vitórias de 'brazos' pelo WT e outras sete pelo WQS no país. A mais recente há algumas semanas, de Gabriel Medina, colecionando notas dez em um 6 estrelas em Lacanau.

Em Hossegor, especificamente, Flávio Padaratz alcançou em 1994 sua vitória sobre Kelly Slater - primeira derrota de KS para um brasileiro em uma final de WT -, e em 2002 seu irmão Neco derrotou Andy Irons. Pelo Qualifying, destaque para a conquista de Adriano de Souza no SuperSeries de 2005, rumo ao título do WQS.

Não existe mais SuperSeries nem título de WQS, e na próxima semana as praias de Hossegor - Graviere, Nord, Cul Nul, Estagnots, Santosha, Bourdaines, quem sabe - recebem o renovado WT.

Dos sete brasileiros atualmente na elite, quatro já competiram no WT de Hossegor. Jadson André foi o melhor no ano passado: em sua segunda participação chegou ao round 5. Adriano tem um histórico curioso: competiu cinco vezes e só passou da estreia em 2008, quando porém foi à semifinal (e perdeu uma disputa controversa adivinha para quem). Raoni Monteiro, em quatro participações consecutivas de 2004 a 2007, foi às quartas-de-final duas vezes (na primeira e na última). E Heitor perdeu no round 3 nas duas oportunidades que teve (inclusive aquela pro Jordinho).

Os outros - Aleho Muniz, Miguel Pupo e o citado Medina - estreiam no evento.

O maior destaque nas edições recentes do WT francês é Mick Fanning: quatro finais e três títulos nos últimos cinco anos. Mas a verdade é que esta temporada acabou para ele, que apenas cumpre tabela até dezembro. Uma vitória sua, de honra, a essas alturas, somente dispersa os pontos em benefício de quem está no topo. Uma possibilidade.

A partir de outubro a corrida pelo título enfim afunila. Hossegor, Portugal e The Search antecedem o desfecho em Pipeline. Será um acontecimento histórico se Slater, já com três vitórias em quatro finais, deixar escapar essa temporada. Em Hossegor, Slater tem dois vices recentes (2008 e 2010) e é velho conhecido: nos anos 1990 conquistou dois títulos em três finais (1992, 1996 e a derrota para o Teco em 1994).

Mas, sem querer secar, Slater também já tem seus dois descartes. Qualquer derrota precoce conta e aumenta a emoção na reta final.

Se ela não vier, resta saber se Owen Wright leva a disputa até o final, ou outro alguém mostra estrela para entrar na briga. Se KS conquistar mesmo seu 11º título após dispensar J-Bay como fez, será uma demonstração incontestável, do quê exatamente há controvérsia.

É irônico que a melhor temporada de Mineiro tenha esbarrado em quatro derrotas seguidas para conterrâneos, reduzindo as chances do primeiro título mundial de um brasileiro neste ano. Mas não há pressa. Tudo indica que o país terá presença forte no tour mundial por um bom tempo.

1 Comentários:

Pedro Souza disse...

Pois é..
O que acontece com Heitor? Ou o que fazem com o Heitor!
Cada evento que passa fica mais complicado interpretar o que os juízes analisam e pensam. Ora valoriza-se o moderno e radical, ora se valoriza arcos clássicos. Daí me perco mais ainda, pois Heitor é capaz de aliar belos arcos a progressivas manobras. Então o que realmente falta para esse atleta? Falar melhor o inglês?
De qualquer forma, FORÇA BRASIL!

OBS: Parabéns pelo blog e pelos pertinentes textos.