domingo, setembro 04, 2011

O especial no WT Teahupoo deste ano

As transmissões pela internet tornaram o esporte das ondas ainda mais singular e hoje surfamos cada vez mais também fora d'água, diante dos micros. O calendário anda intenso nos últimos tempos para quem acompanha o tour pela telinha: somente este ano, entre WTs, Primes e 6 estrelas masculinos, são 33 campeonatos, fora demais eventos da ASP, ISA, Abrasp e etc.

Há campeonatos bons com transmissões nem tanto e também competições de menor apelo cujas fraquezas são compensadas pela qualidade do webcast. O recente WT de Teahupoo teve a receita ideal.

Teahupoo e Pipeline trazem um ingrediente essencial ao tour: ondas que dão medo, que claramente não são para qualquer um; são lugares onde acontecem acidentes fatais e isso fascina. Este evento resgatou uma sensação pouco comum no tour hoje em dia mas talvez frequente nos primeiros anos do circuito; como bem registrado por Júlio Adler em seu diário na Hardcore, a "de estar vendo uma tragédia anunciada a cada segundo que os surfistas demoram pra subir depois dos caldos".

A grande diferença hoje em dia (em relação aos primórdios) são as transmissões cada vez melhores, que impressionam mesmo quem desconhece o surfe. O Prime de Huntington já havia inovado com tomadas aéreas ao vivo, feitas de um dirigível. Teahupoo, por sua geografia, tem outro diferencial além das ondas: possibilita filmagens dentro d'água, do canal, agilmente mescladas na transmissão às do palanque (o ângulo dos juízes). E este ano ainda tivemos novidades como a câmera lenta em alta definição e o Heat Analyzer, ferramenta fenomenal para quem é do ramo.

Publiquei no Datasurfe há alguns anos duas listas pessoais de campeonatos mais interessantes ao longo da história; este evento é um acréscimo óbvio, por motivos diversos. Pelo melhor mar da história do evento, o mais temível do calendário; certamente pelo surfe, seis notas dez (inclusive um vinte) e outra dúzia de noves-muito que também poderiam ter sido mais; pela qualidade da transmissão; e pelo resultado: os cinco primeiros do ranking caíram até o round 3 e o sexto colocado venceu. O fato do vencedor ter sido KS em sua 47ª conquista foi mera cereja no bolo de quem é fã. O interessante é que restando seis etapas, a corrida está aberta como em raras ocasiões.

Quase todos os principais postulantes ao título já tem dois descartes. Slater caiu no round 3 no Rio (para Bob Martinez, que vai desistir do tour) e não foi à Jeffreys Bay. Jordy Smith perdeu no round 3 no Rio e em Teahupoo (para o conterrâneo Travis Logie, em situação bizarra, a bateria foi disputada duas vezes). Mineiro, que liderava o ranking há dois eventos, caiu cedo em J-Bay em Teahupoo, ironicamente para dois brasileiros (Aleho e Raoni). Owen Wright não passou do round 3 na Gold Coast e J-Bay. E Mick Fanning, surpresa, já soma três 13º no ranking - mais um tropeço e pode ser carta fora do baralho.

Joel Parkinson é a exceção, tem apenas um resultado ruim - foi eliminado no round 2 em Teahupoo - porém depois da refugada de 2009 poucos o imaginam roubando o posto máximo nessa reta final.

A corrida recomeça amanhã em New York, provavelmente com webcast excelente e ondas nem tanto.

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